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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO by Silvie


De forma geral, a educação é um instrumento de transmissão de saberes já existentes. Mas também atua como uma gestora e motivadora da formação do ser humano, visto como um projeto permanente. Servindo tanto para a reprodução quanto para a transformação. A promoção de princípios da igualdade, de lucidez, de respeito ao próximo, de liberdade, de cidadania, de perseverança, de conservação da memória histórica, a formação da inteligência e do raciocínio humano, a consciência do ser humano como um ser individual com suas características, potencialidades, crenças e valores particulares. Promover a lucidez para proporcionar indivíduos que pensam com autonomia.

Em sua obra, Educación y Filosofia – Enfoques Contemporâneos (comp. 2003), Houssaye, salienta que:

“A educação representa então, o instrumento principal de um progresso do espírito, democraticamente oferecido a todos ... A cultura clássica humanista buscará, por um lado transmitir aos alunos os grandes valores humanos, sobretudo, morais e filosóficos, que constituem um conjunto de verdades atemporais de uma natureza humana transcendente ... Na escola e fora dela, o aluno deve dar testemunho permanente dos valores que a sociedade do século XIX deve possuir ... e, sobre tudo, excluir a conduta da grosseria, do vandalismo, do descuido e da violência.”

A crença na educação como o meio supremo para o aperfeiçoamento individual e social. A educação como norteadora da conduta humana e geradora de agentes de mudança e de cooperação, isto é, o desenvolvimento de personagens prontos e dispostos a refutar as verdades existentes, gerando processos de dúvidas e incertezas. Provocando a geração de novas significações no mundo. A incerteza é a grande geradora da busca por novos caminhos.

“... A incerteza tem prioridade e a questão dos valores na educação deve ser traçada de outra maneira... A questão prioritária é outra; já não dependa da busca de uma verdade absoluta, mas ao contrário, a gestão do pluralismo..” (Jean Houssaye – Educación y Filosofía – Enfoques Contemporâneos, 2003).

Estimular o desenvolvimento de processos de questionamentos e contestação, buscando refutar as teorias anteriores para avançar no conhecimento. Não bastando apenas duvidar, mas gerar atitudes e ações que provoquem a geração de problemáticas e atuar sobre estas para que novas teorias sejam criadas permitindo confrontações com a realidade. Gerando múltiplas visões sobre diversos temas, com as contradições e resistências que as acompanham apresentadas nas diversas vertentes.

Sobre isso, o autor Augusto Pérez Lindo, em sua obra A Era das Mutações (2000) afirma que:

“A idéia de que todo o conhecimento é verossímil, mas não absolutamente verdadeiro, nos leva a admitir que existem diferentes graus de verdade.”

E continua, comentando sobre os aspectos do conhecimento individualista:

"Se todas as pessoas agissem como se cada uma fosse seu próprio fim, a sociedade viveria provavelmente em equilíbrio. Mas o desequilíbrio, a diversidade, o conflito o que caracteriza a vida social como a conhecemos até agora. O pluralismo individualista e cultural das sociedades contemporâneas reconhece a legitimidade das múltiplas visões da existência. Como se pode conviver com a multiplicidade de projetos sem chegar ao antagonismo ... O fato de podermos admitir e respeitar todas as formas de pensamento e comportamento individual é uma novidade histórica”.

Também é importante frisar que a educação, ao longo do tempo, continuamente sofreu mudanças e adaptações conforme as novas situações econômicas, sociais e políticas vivenciadas em determinadas épocas. Sobre isso Émile Durkhein salienta que:

“A educação está voltada para as necessidades atuais da sociedade em que está inserida, isto é, a concepção da sociedade sobre o ideal a alcançar” (Educación y Pedagogia, 1998).

Durkheim ainda comenta sobre, o que na visão do autor, é o verdadeiro sentido da educação:

“... a educação, longe de simplesmente objetivar o desenvolvimento do homem tal como se encontra perante a natureza, e sim, tem como objetivo extrair daí um homem totalmente novo; cria um ser que não existe, salvo em estado de germinação: o ser social” (Educación y Pedagogia, 1998).

Torna-se evidente que a educação, a informação e o conhecimento não capacitam apenas para o trabalho, mas ampliam a possibilidade de bem-estar do indivíduo e de sua inserção plena em seu meio, como cidadão, inclusive com um senso de responsabilidade desenvolvido para contribuir para o progresso de sua sociedade.

CONCLUSÃO
Nosso mundo carece de novos heróis, de bons exemplos, de personagens que promovam e demonstrem altruísmo em suas ações.

E, perguntou-me: Como transmitir valores sobre respeito ao próximo, sobre ética e altruísmo em um mundo tão conturbado como o que vivemos nos dias atuais? Onde a violência e a lei do mais forte imperam?

Somente a esperança e a contínua insistência na busca e na construção de um mundo melhor, e por que não dizer utópico? É que nos mantêm vivos e nos salva de submergirmos no completo caos.

A busca constante e teimosa para gerarmos o ser social que não só sobrevive, mas que interage em seu meio, que reage aos estímulos que lhe são oferecidos, que possui o prazer no aprendizado, que questiona e gera novas problemáticas, que busca soluções e consensos. Que transforma o conhecimento, que o adapta as necessidades ou características existentes, que forma e reforma. Um agente ativo, participativo e cooperativo, preparado para adaptar-se às novas mudanças de nosso mundo e buscar continuamente o saber. Esse é o perfil ideal – aquele que ama o saber.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BETTELHEIM, Bruno – Educación y Vida Moderna – Grijalbo, Barcelona, 1982.
DURKHEIM, Émille - Educación y Pedagogia. Ensayos y controversias – Trad. Inés Elvira Castaño y Gonzalo Castaño. Editorial Losada S.A, Buenos Aires - Argentina, 1998.
HOUSSAYE, Jean (comp) – Educación y Filosofia, Enfoques Contemporáneos – Eudeba, Buenos Aires - 2003.
PÉREZ LINDO, Augusto Lindo - A Era das Mutações. Cenários e Filosofias de Mudanças no Mundo – Trad. Francisco Cock Fontanella. Piracicaba, Editora Unimep, 2000.

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